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Se o buraco já vai fundo, pára de escavar

Uma política de pão e circo para esconder uma crónica falta de capacidade de planeamento, de visão e de estratégia.
Foi isto até agora a governação PSD em Mortágua.
Festas e publicidades sem retorno nenhum em programas de TV e afins foram-se consolidando, numa campanha permanente para criar uma ilusão baseada nas aparências, tudo isto ao mesmo tempo em que se foram sucedendo: Mais custos; mais degradação dos equipamentos municipais; equipamentos prometidos que nem vê-los (computadores para o Centro Escolar); dependência crescente de dinheiro do Estado para tudo; preservação de rios e floresta que é uma vergonha; o processo do Canil que é o que se sabe; e por aí fora, e por aí vai.
É preciso parar com isto.
É preciso dar a volta, é obrigatório, tem que se interromper este caminho e pôr ordem na casa.
Caso contrário, Mortágua vai continuar a definhar, e o futuro como bem o merecemos estará cada vez mais distante (e mais custoso).

INTERVENÇÃO NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DO DIA 28 DE JUNHO DE 2021

Exmo. Presidente da Assembleia Municipal
Exmo. Presidente da Câmara
Senhores Vereadores
Caros Membros da Assembleia

Analisando os documentos apresentados de prestação de contas respeitantes ao ano de 2020 não podemos ficar indiferentes ao resultado líquido apresentado.

Não questionando a alteração do processo contabilístico, o valor de um resultado líquido negativo pode eventualmente não ser preocupante quando existam investimentos basilares essenciais para a qualidade de vida contemporânea dos cidadãos e das gerações vindouras. Seria perfeitamente justificável o eventual esforço e degradação pontual das contas Municipais.
Mas tal não se passa no nosso Município.
De facto, o atual Executivo Municipal do PSD assumiu desde muito cedo que na sua passagem pela liderança do Município deixaria a marca de um senhorio feudal, que a seu bel-prazer se impunha perante os servos da gleba e que, à semelhança do império Romano, utilizaria uma política de pão e circo para esconder uma crónica falta de capacidade de planeamento, de visão e de estratégia.

  • Foram exponenciados custos com múltiplos eventos, em alguns casos triplicando o valor dos custos face ao anterior Executivo, sem ter nem de perto nem de longe um retorno desse investimento na mesma proporção.
  • Enquanto isso, assistimos durantes estes anos que decorreram ao degradar dos equipamentos Municipais, tais como o pavilhão municipal, as ETAR’s, as piscinas Municipais, o Teatro clube, o Ninho de empresas e até os equipamentos dos courts de ténis e do parque verde.
  • Enquanto o Executivo Municipal do PSD se entreteve em apresentações televisivas e em eventos promocionais de retorno inexistente, deixou muitos desses equipamentos com sinais de abandono e degradação e com urgentes necessidades de manutenção e reparação.
  • E que dizer do parque de máquinas, onde temos equipamentos obsoletos, completamente ultrapassados e com custos de reparação e manutenção enormíssimos? – custos esses que, por exemplo, sustentariam perfeitamente o quadro anual de serviço de dívida de um renting relativo a uma máquina a funcionar a 100%, sabendo-se que para tal teria que existir apenas enquadramento de necessidades e planeamento.
  • Nem sequer os computadores novos do Centro escolar aparecem…

Na verdade, e como se diz em gíria popular, “a manta fica curta…”

Durante estes anos, pese embora os constantes e repetidos avisos por parte dos membros desta Assembleia Municipal, o Executivo Municipal liderado pelo PSD nunca conseguiu alocar recursos de receita, estando dependente pura e simplesmente das transferências correntes do Estado, não idealizando uma estratégia para a captação dos fundos comunitários alinhada com um plano a médio prazo de crescimento sustentado.
Pelo contrário, pontualmente surgem alguns investimentos, a reboque da capacidade de outros e muitas vezes desajustados com a realidade do Concelho de Mortágua.

Num Município o valor de um resultado líquido é extremamente preocupante quando a falta de organização leva a uma estrutura de custos caótica, com dependência tremenda da conta de fornecimentos e serviços externos, com as famosas avenças a predominarem, sinal claro da falta de capacidade de organização. Não temos nada contra as avenças, essa figura existe e tem muita utilidade, mas para criar mais-valia e não para colmatar lacunas de planeamento e organização.

Esta gestão do Executivo do PSD vai com certeza deixar marcas indeléveis neste Município. A falta de planeamento e de visão estratégica a médio/longo prazo vai fazer-nos perder anos de desenvolvimento.

  • A recuperação dos equipamentos Municipais vai ser muito mais penosa porque não houve a preocupação de gerir o Município, só havendo reação ao invés de ação.
  • A forma como se está a gerir o dossier das ETARs e das ribeiras é uma anedota. Andamos a promover percursos pedestres junto a ribeiras repletas de material orgânico pestilento, porque não existiram nem manutenção dos equipamentos nem gestão criteriosa e adaptação às necessidades dos efluentes.
  • Outro dossier que é lamentável foi o processo do Canil, elaborando-se projetos, dando o dito por não dito, com avanços e recuos constantes, falta de resposta às obrigações emanadas da Lei, tudo isto num penoso processo que já dura há 3 anos e meio.
  • Temos também outros exemplos de situações como a elaboração do projeto de recuperação do mercado municipal, elaborado sem massa crítica, sem questionar os principais utilizadores do equipamento e sobretudo sem visão para o futuro. Nas condições apresentadas, o referido projecto em nada adaptaria o mercado municipal às tendências atuais de funcionamento desse tipo de recintos. Foi necessária a intervenção dos senhores vereadores do PS, que foram questionar os principais utilizadores do equipamento e rapidamente chegaram à conclusão de que ninguém tinha aferido as suas necessidades.
  • Todas estas situações dão origem a perdas enormes, tanto de tempo, porque se queremos ter uma estratégia de fixação de população temos de oferecer valências que façam a diferença, como também de dinheiro, pois elaboram-se projetos, pagam-se projetos, e depois por caprichos, falta de visão ou por incompetência, os montantes pagos por esses projetos são gastos sem retorno.

Mortágua em sete anos foi massacrada com rotundas, lombas, passadeiras ilegais, criação de barreiras arquitetónicas, ruas que ostentam o cinzento do alcatrão, o cinzento claro de um passeio, do outro lado da rua a cor do passeio já é vermelha, os postes verdes com vasos de flores que servem para acertar em camiões, que por sua vez condizem com a cor dos caixotes do lixo em cima do passeio, por onde teriam de passar os transeuntes, mas não conseguem pois têm de se desviar para a faixa de rodagem sujeitos a todos os riscos inerentes a essa situação…
Esta descrição espelha o que Mortágua é atualmente: Uma tremenda confusão com rei mas sem roque…

Mortágua, 28 junho 2021
Miguel Dias

 

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